22 de novembro de 2011

O fio de cabelo branco de nº76

Voltando à ativa no blog... com um post que estou há meses querendo escrever... mais um daqueles dilemas de mãe "písica" e que, acabada a festinha de 3 anos de Pissuca... surgiu com toda a força diante de meus olhos (e isso não é forma de expressão).
A questão da vez é:

Já há um tempo ando meio "incomodada" (humm.. talvez não seja essa a palavra... mas não achei outra) com a quantidade de brinquedos que Pissuca tem. Antes dela nascer (mais uma das convicções de mãe antes de ser mãe), eu dizia que ia controlar a risca esse negócio de ganhar muitos presentes (e o marido era - e ainda tenta ser - até mais rígido nesse ponto), mas com as avós surtadas (as duas) de Pissuca não deu pra controlar....

Daí chega fim de ano: começando em outubro com o dia das crianças; novembro com o aniversário dela e dezembro com o natal... e a coisa fica totalmente fora de controle (porque soma-se os presentes das avós, com os dos amigos, os nosso também e etc etc etc).
Resultado: mil brinquedos... um milhão de brinquedos... todos amontoados... e uma dúvida na cabeça da mãe (o fio de cabelo branco de nº76): " tá... tá bom... brincar é muito bom... bom demais... e criança é pra brincar mesmo. E brinquedos são excelentes para estimular o desenvolvimento (principalmente os atuais, que a criança com 3 anos já tá aprendendo a trocar as fraldas para quando tiver os filhos aos 33), mas o quanto isso pode ser prejudicial (se é que pode)? Ou ainda... qual é o limiar do exagero? Ou será que eu mesma não estou exagerando (é preciso mesmo responder essa pergunta?! hehehe "A Exagerada" por excelência!) ?"

Enfim... o fato é que não quero que ela cresça achando que pode ter tudo... nem que queira tudo o que vir incondicionalmente...
Já me preocupou quando logo que fez 2 anos ela começou a pedir "compra mamãe?!"... como assim? compra? aos 2 anos????
Também devo confessar que, como já citei lá em cima, eu realmente acho os brinquedos de hoje espetaculares no quesito estímulo... tipo olhar e pensar: "caracas.. queria que existisse isso na época que eu era criança, eu ia amar!".. e sinceramente não quero limitar minha filha de aproveitar isso, já que ela tem muita sorte de ter tantas pessoas queridas que gostam de presenteá-la sempre com presentes tão legais... E eu... vai... tenho que dizer que algumas vezes não resisto a tentação também!

Daí ... prestando atenção... vi que os estímulos vêm de todas as partes e é fato que esta é uma realidade sobre a qual eu não tenho controle e que ela terá que conviver por toda a vida dela, hoje com brinquedos, amanhã com roupas e  por aí vai-se (olhando pra mim mesma, até eu ando precisando de um certo controle)... então o que fazer para ensiná-la a manter-se equilibrada com relação a todos esses estímulos, considerando as suas possibilidades e a realidade da vida como um todo e não dela num mundo perfeito onde pode ter tudo o que pedir e até o que não pedir?

No ano passado adotei a opção de guardar alguns brinquedos que ganhou no aniversário para ir liberando aos poucos ao longo do ano. Mas aí,  veja só a contradição (que só percebi agora)... lá esteve ela ganhando presentes o ano todo ininterruptamente. E ainda houve casos em que quase perdi o tempo do brinquedo (tipo... se eu demorasse mais um pouco o brinquedo já seria muito bobo para ela brincar)... Ou seja, acho que não foi uma boa, considerando o dilema em questão.

Mas eis que, ao longo desse ano, cheguei a separar alguns brinquedos que ela já não brincava mais para doação (como já fazia com nossas roupas e com as roupinhas dela, principalmente nessa época do Natal) e agora, pensando mais detalhadamente no assunto, vejo que este pode ser um bom caminho para tratar esse dilema...

Quando fiz isso, ela era muito bebê e não entendia, então não a envolvi (simplesmente separei e doei).. mas acho que agora, já posso começar, aos poucos, a envolvê-la no processo. Dessa forma, penso que, conforme ela for amadurecendo, irá percebendo também o valor de todos esses presentes que ela ganha... não digo o valor monetário, mas o valor do significado dela ter o previlégio de ganhar tantos presentes enquanto existem crianças que não os tem. Acredito que, quem sabe, dessa forma,  ela entenda alguns aspectos importantes para ser uma pessoa mais centrada e do bem : que ela não pode ter tudo que quer; que ela deve dar valor ao que tem; que ela deve ser solidária doando aos mais necessitados.

Não tenho a ilusão que, logo de cara, ela entenda todas essas reflexões e que doe de bom grado seus brinquedos, principalmente os que ela brincou mais... mas confio que o hábito e conversas a respeito derivem, com o tempo, nesses conceitos valiosos e no valor desse gesto para as outras pessoas. E como, definitivamente, eu não controlo os brinquedos dela... deixo ela livre para brincar.. não fico preocupada se vai estragar, se vai sujar.... deixo ela aproveitá-los até a última peça (a sorte é que ela é até bem cuidadosa), tenho a esperança que a doação pode não ser tão doída pra ela já que ela pôde aproveitá-los bem!

Mas também não pretendo forçar a barra assim logo de início não. Tenho tocado nesse assunto algumas vezes com ela e, quando for separar os brinquedos, (para doação agora no Natal) vou chamá-la para participar ajudando a escolher e a separar e explicando o porquê estamos fazendo aquilo... mas de uma forma bem leve... sem pressão pois não quero que esse seja um momento sofrido e doloroso pra ela... quero que ela, com o tempo, faça isso com prazer e entendendo os motivos e a importância do que está fazendo. 
Então... vamos ver como ela vai reagir nesse primeiro momento e aí vou ver como vou conduzir ... se eu ver que está sendo muito problemático, acho que não vou insistir por hora... ela só tem 3 aninhos... talvez não seja o momento... mas daí saberei como agir da próxima vez e da próxima e da próxima... tenho ciência que deverá ser um aprendizado evolutivo para ela... mas acredito que talvez seja a hora de começar de alguma forma...

E de quebra... vá lá... vou dar uma faxinada na casa pois tá demais esse negócio de sentar em brinquedo, tropeçar em outro...
 
Volto pra contar como foi a experiência. 
 
 
 
 
 

2 comentários:

  1. Oieee,
    Aqui em casa a gente usa esta técnica de doação!
    Sempre falo pro Pedro separar oq quer doar para outras crianças sem brinquedo e ele me ajuda a separar.
    Tem vezes, confesso, que ele não fica muito feliz de doar, daí eu explico pra ele que ele ja tem muitos e que se ele não doar vai ter tantos q não vai nem conseguir brincar!
    Desde cedo eles precisam aprender a ser solidários, né??

    Bjooo!

    Loreta#amigacomenta
    @bagagemdemae
    www.bagagemdemae.com.br

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  2. Tudo para educarmos nossos filhos para serem sempre pessoas do bem, né?! Obrigada por comentar!

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