6 de dezembro de 2011

Mãe de Fotografia

"Táqui" outro post que venho há muito, muito, mas muito tempo meeesmo, (coisa de, sei lá, talvez 1 ano) cozinhando em meus pensamentos (e rascunhando) sem coragem de postar...
Mil vezes pensei em postar... mil vezes desisti... mas, considerando que esse blog é para ser um local onde eu possa colocar meus sentimentos, dúvidas, conflitos em relação à essa maternidade doida... então...pedindo desculpas a quem se sentir ofendida e sem a menor intenção de criticar ninguém preciso falar...

Queria falar aqui sobre uma categoria de mãe que sempre me causou ao mesmo tempo inveja e repúdio (e está aí o meu conflito).
Não quero entrar aqui no mérito do que é certo ou errado , até porque, como já disse "trocentas" vezes, acho que em termos de maternidade não existe certo ou errado (salvando-se as aberrações né?). Enfim.. são apenas reflexões minhas que gostaria de externar.

Ouvi essa definição uma vez: "Mãe de Fotografia" e ela se encaixou perfeitamente nessa categoria a que estou me referindo. Sabe aquelas mães (felizardas ou não) que não precisam se preocupar com a parte chata trabalhosa da maternidade? Aquelas que têm babá para dar banho, para se estressar na hora da comida, pra levar junto nos passeios e viagens e até na hora de pôr pra dormir? Aquelas que só precisam se preocupar em dizer como fazer do jeito delas e escolher as roupas para todos saírem felizes e sorridentes nas fotos de família?

E a mãe em questão... então... essa está sempre impecável nessas fotos: magéeerrima (pois tem todo o tempo do mundo para malhar e cuidar da alimentação), penteadéeerrima e arrumadéerrima (pois não existe a oportunidade do filho lhe puxar o cabelo ou fazê-la rolar no chão para se despentear e se sujar toda - a não ser pra fotografar o momento, claro!) e com as melhores roupas (pois tem também o mesmo todo tempo do mundo para andar nos shoppings, escolher - e até provar... vejam só... todas as roupas que lhe interessarem até que possa escolher a que melhor lhe vestir). Tá... ok... aqui foi descrita minha dor de cotovelo... "táqui" a parte da minha inveja... tudo que eu nunca tive tempo de fazer... rs... e que não acho, sinceramente, que seja supérfulo não, acho super importante para auto-estima e para como as outras pessoas te vêem também (e quem aqui disser que isso não tem a menor importância, serei obrigada a dizer que será uma mentira deslavada e pura hipocrisia; pode não ser A coisa mais importante, mas dizer que não tem a MÍNIMA importância... vá lá né?!).

Mas então... antes de Pissuca nascer, eu sempre achei essa total delegação um absurdo (opinião compartilhada pelo marido, lógico, e podia ser diferente?). Na verdade confesso que ainda não concordo muito. Não que eu esteja dizendo que a babá é figura totalmente dispensável ou que cause algum prejuízo pra criança... de jeito nenhum e muitíssimo pelo contrário... Quem me dera ter uma babá para "me cobrir" quando precisasse fazer outra coisa ou só pra descansar um pouquinho... Mas realmente acredito que há que se ter certos limites (como em tudo na vida, né minha gente!) mas sempre sofri com a contradição de querer cuidar, de querer estar totalmente presente e o stress e cansaço que essa dedicação provoca.

Sabe que foi até bom não ter escrito sobre isso antes, pois, agora, depois de 3 anos, e Pissuca já totalmente muito mais independente e dando muuuuuuito menos trabalho, posso comentar de cadeira e experiência de causa. Eu, sinceramente (e muito mais agora depois de 3 anos dessa total dedicação) acho que realmente faz diferença a real presença da mãe em todos os sentidos.

Sempre ouvi a história de que mãe que delega tudo para a babá acaba perdendo a referência materna pro filho. Antes de ser mãe eu tinha total convicção de que isso era verdade; depois que Pissuca nasceu eu, assoberbada com todo o trabalho e abnegação, comecei a me questionar... mas será mesmo? Mãe não é sempre mãe e pronto? E o sangue? E o cordão umbilical... Agora... bem... agora observando experiências nas 2 situações, acho que deve fazer alguma diferença sim, não no extremo da criança perder a total referência da mãe, claro que não, mas acredito firmemente que alguma diferença no relacionamento existe sim e, no aspecto educacional também acho que facilita, tanto pra mãe quanto pro filho, que esses primeiros anos sejam de total aproximação, quase simbiose (na medida saudável da palavra).

Vamos lá... nem tanto ao céu... nem tanto à terra, né?! E eu confesso que pequei pelo outro lado da balança também... reconheço que eu poderia ter me afastado um pouco mais em certas situações. Eu sempre comentei sobre Pissuca ser muito agarrada. Vários são os relatos que demonstram minhas preocupações nesse sentido (aqui , aqui e aqui, por exemplo); com relação à vida profissional então... nem se fala (ou melhor... fala-se sim! E o que é que eu não falo?! rs); e ainda hoje acho que ela poderia ser um pouco menos carrapatinha de mamãe nesse sentido; mas acredito que o fato de eu ter dedicado a ela atenção total em suas necessidades desde o início ( como trocar fralda, dar banho, pôr pra dormir... essas necessidades quase fisiológicas, do dia a dia mesmo, que normalmente as mães em questão delegam às babás e que, nos primeiros anos de vida da criança, é só do que elas precisam - além de amor... né?!) , criou entre nós duas uma relação de cumplicidade, de conhecimento, de carinho e até de respeito mútuos que eu, muito sinceramente e sem a menor falsa modéstia, não acredito que seja capaz ser estabelecido por essas mães que só estão presentes ou nos momentos muito bons (da curtição) ou nos péssimos (doenças e etc... porque aí se delegar à babá os cuidados com a criança até quando ela estiver doente... entra na situação da aberração né não?!)...

Enfim... o fato é que percebo que ela me ouve quando quero ensiná-la algo ou até quando tenho que lhe chamar a atenção, não por medo da bronca ou do cantinho, mas porque ela aprendeu a confiar em mim integralmente (e acredito que isso faça toda a diferença na educação dos filhos). Ela sabe que não minto pra ela, que se precisar brigar, eu vou brigar mas ela saberá o porquê da bronca... Lógico também que ela não elabora esse raciocínio aos 3 anos (e há que se respeitar aqui as devidas proporções para uma criança de 3 aninhos), mas justamente pelo convívio, esse raciocínio fica intuitivo.
Facilmente eu consigo compreender suas ações e reações somente pelo olhar e existe um carinho entre a gente que, nossa... não sei nem como descrever aqui... um carinho sem hora, sem motivo, nem lugar... só carinho ... a toda hora e instante, sem nenhum motivador ou interesse... beijinhos e abraços sem fim...

Por tudo isso realmente acho que toda a priorização, desprendimento e abnegação têm valido totalmente a pena porque, seja nessa relação tão carinhosa; seja quando a vejo dando um beijinho em alguém, pedindo desculpas, dizendo obrigado e pedindo por favor sem eu precisar alertá-la (sim... só isso...simples-assim!), é o retorno mais valioso que eu poderia ter (e enche o coração da mãe aqui de muito orgulho e felicidade).

Só agora (depois de 3 anos) estou começando a retomar verdadeiramente pequenos prazeres (que eu até tentei retomar há um tempo atrás, mas só agora estou realmente conseguindo). E quanto a me distanciar um pouco mais (sim, pois é fato que esse distanciamento também é necessário para a criança poder se desenvolver mais independentemente)... bem... como não podia deixar de ser.... hehehe .... estou estudando. Um dos livros que estou lendo é "Como NÃO ser uma mãe perfeita" (título seriamente candidado à resenha na nossa Biblioteca de Mãe).

Por fim, fica aqui um alento para as mães que, como eu, abdicaram de muitos prazeres para estar sempre com os filhotes e são sempre muito criticadas por isso ("tá dando muito colo", "tá sendo uma mãe superprotetora" e blá blá blás...): aguentem e aguardem, a recompensa vem em forma de muito amor (e amor de todas as formas)!



It's not only ... 


 Foto by: http://www.flickr.com/photos/steffilynnphotog/

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